Ora direis
ouvir as flores.
Ora direis
sentir nas cores,
Borboleantes
belezas,
Recriando as
certezas
De que as
flores são obras
Nascentes de
nossas sobras.
Dos anos que
se perderam,
Dos ramos que
se fenderam,
Dos passos
que aqui passaram,
Das vidas
que se amaram,
Do canto, da
juventude,
Da prece e
da virtude.
Ora direis
ouvir as flores.
Ora direis
sentir amores,
Em ventos de
primavera,
Em sonhos de
nova era,
Na chuva, na
noite fria
No viajor que
seria
O amigo na
solidão,
Trazendo
afagos na mão.
Na nuvem
branca que passa,
No velho
banco da praça
Que sempre
serviu de braço
Ao apoiar
teu cansaço.
Ora direis
ouvir as flores.
Ora direis
sentir as dores
No peito do
abandonado,
No ventre do
esfomeado,
Na casa
debaixo d'água,
No fundo
daquela mágoa
Que se
conhece ao olhar
A lágrima
que faz molhar
Os olhos da
mãe sofrida
De filha,
pobre perdida,
Pela voragem
da sorte,
Cobrando a
conta da morte.
Ora direis
ouvir as flores.
Ora direis
sentir odores,
Por toda a
natureza.
Por toda
essa certeza
Assim creio
se faça,
Da tua vida
a taça
De um tão
puro vinho
Que ao
bebê-lo sozinho,
Verei a vida
sorrindo
E mesmo
quando for indo
Da vida para
o universo
Serei cantor
deste verso.
Ora direis
somos estrelas.
... E como
espero
Por sê-las.
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