18 de fev. de 2011

Para quem sente as Flores


    
Ora direis ouvir as flores.
Ora direis sentir nas cores,
Borboleantes belezas,
Recriando as certezas
De que as flores são obras
Nascentes de nossas sobras.
Dos anos que se perderam,
Dos ramos que se fenderam,
Dos passos que aqui passaram,
Das vidas que se amaram,
Do canto, da juventude,
Da prece e da virtude.

Ora direis ouvir as flores.
Ora direis sentir amores,
Em ventos de primavera,
Em sonhos de nova era,
Na chuva, na noite fria
No viajor que seria
O amigo na solidão,
Trazendo afagos na mão.
Na nuvem branca que passa,
No velho banco da praça
Que sempre serviu de braço
Ao apoiar teu cansaço.

Ora direis ouvir as flores.
Ora direis sentir as dores
No peito do abandonado,
No ventre do esfomeado,
Na casa debaixo d'água,
No fundo daquela mágoa
Que se conhece ao olhar
A lágrima que faz molhar
Os olhos da mãe sofrida
De filha, pobre perdida,
Pela voragem da sorte,
Cobrando a conta da morte.

Ora direis ouvir as flores.
Ora direis sentir odores,
Por toda a natureza.
Por toda essa certeza
Assim creio se faça,
Da tua vida a taça
De um tão puro vinho
Que ao bebê-lo sozinho,
Verei a vida sorrindo
E mesmo quando for indo
Da vida para o universo
Serei cantor deste verso.

Ora direis somos estrelas.
... E como espero
Por sê-las.

 Paulo Rogério Della Mea
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