Excelente profissional, competente e dedicada, Marta
saiu exausta do escritório naquela sexta-feira mas com a certeza que realizara todas as tarefas
programadas para a semana. Dirigiu-se ao estacionamento para pegar o carro e ir
à universidade. Aos 25 anos de idade era
bacharel em publicidade e propaganda, mas não exercia a profissão. Agora
cursava o terceiro semestre de Administração de Empresas e já pensava em cancelar a matrícula no próximo.
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Na primeira sinaleira Marta dobrou para a direita e tomou o caminho de
sua casa. Decidiu não ir à aula, e que
naquele final-de-semana iria pensar em tudo o que estava sentindo. Não
visitaria amigos e também não os receberia. Ficaria apenas em sua própria
companhia. Descobrindo-se.
***
Marta fora uma menininha quase sempre triste, mas
nunca dissera isso a alguém. Seus pais
viviam envolvidos em brigas e disputas e deixavam a única filha carente
de atenção e cuidados. Sedenta física e
emocionalmente.
O amor que a garota ansiosamente queria dar aos pais era sufocado pelo isolamento
emocional a que ficava exposta. O pai era um homem bem sucedido nos negócios
que tinha em sociedade com a mãe. Mas era inacessível afetivamente, e a mãe
estava tão consumida pelo ódio e frustração devido a falta de carinho do
marido, que não percebia que cometia com a filha o mesmo erro. A garota
precisou assumir prematuramente a responsabilidade de adulto porque os pais a
deixavam praticamente sozinha o dia inteiro.
Ao completar dezoito anos de idade Marta já tinha um emprego, dividiu com uma amiga o
aluguel de um pequeno apartamento, e saiu da casa dos pais.
Sedenta de amor Marta teve vários namorados, mas com relacionamentos
de curta duração. Até conhecer Carlos.
Ela acabara de completar vinte e um anos e ele trinta e três. Era advogado. E
casado.
***
Chovia torrencialmente.
Marta havia deixado o carro na oficina e agora estava ali, no meio-fio da
calçada, toda atrapalhada com sua bolsa, sombrinha e livros de economia,
tentando pegar um taxi para levá-la até sua casa. Mas todos vinham ocupados. A
moça sentia os pés e mãos geladas, e estava com fome. Arrependeu-se de ter ido
à aula naquela noite. O trânsito estava vagaroso e as buzinas ecoavam em seus
ouvidos. Mas em meio a todo o barulho, ela escutou uma voz de mulher
pronunciando seu nome. Era Cláudia, uma amiga, que a chamava de dentro de um tempra
azul-marinho. “Quer uma carona”, gritou. Marta correu até ao carro que
parara à sua frente e entrou , sentando-se no banco de trás. Cumprimentaram-se,
foi apresentada a Carlos, o homem que estava na direção do veículo; e
comentaram sobre a chuva, sobre o trabalho
de ambas e que estavam com fome.
Pele morena, olhos castanhos escuros e lábios encantadores. Era
bonito, tinha boa aparência, mas havia alguma coisa no olhar do homem que perturbou
Marta. Tinha um ar frio. “Tenho certeza
de que poderia esquentá-lo”, pensou.
O carro parou em frente ao edifício em que Marta morava. Ela os
convidou para um café, mas Cláudia precisava dormir cedo. Combinaram para outro
dia.
Marta entrou em casa, tomou uma ducha bem quente, colocou um pijama,
meias e sua pantufa. Acomodou-se no sofá e enquanto tomava café com torradas teve
aquela sensação de solidão. No momento
ela estava sem namorado. Já tivera vário, mas todos, transformaram-se em relacionamentos insatisfatórios. Sem um homem
a quem dirigir sua atenção a moça entrava em estado de abandono e, por isso,
ela preferia sempre estar com alguém,
mesmo que o relacionamento fosse insalubre.
O ar frio de Carlos voltou-lhe
à lembrança...
No dia seguinte Marta telefonou para Cláudia na esperança de saber
algo sobre Carlos. A amiga contou-lhe que eles haviam se conhecido em uma festa
de formatura de um conhecido em comum e
desde essa data falavam-se regularmente.
“Carlos é advogado, casado, tem dois filhos mas não vive bem com a mulher. É
infeliz no casamento”, confidenciou-lhe a amiga.
Duas semanas após Marta convida Cláudia para jantar em sua casa e pede
para levar Carlos. Sentado à sua frente, ele já não parecia mais um homem de
olhar frio, apenas crente. Muito
carente. Ela sabia-se atraída por homens carentes, pois se identificava
compadecidamente com a dor deles. Só não
sabia que essa identificação era para aliviar sua própria dor. Era o desejo de
ser amada e auxiliada que estava por trás dessa atração.
Nos dias que se seguiram Marta e Carlos encontraram-se assiduamente.
Ele contou que a esposa tinha alto cargo executivo em uma grande empresa, era
muito bonita e elegante, mas não era atenciosa com os filhos e com ele. O casamento estava acabado; ele pensava em separação, mas tinha pena dos filhos. A jovem começou a
perceber Carlos como vítima e queria amá-lo para curá-lo de sua carência.
Queria dar-lhe a força que lhe faltava para abandonar a mulher e seguir sua
vida sendo amado por outra. Marta apaixonou-se por aquele homem carente de
afeto, e queria consertar a vida dele
talvez lembrando da menininha desamada que um dia fora. Mas em vez disso,
destruiu a sua. Mais uma vez.
O jovem advogado era na verdade um egoísta. Costumava ir ao
apartamento de Marta à noite, após o
trabalho e sem avisar; ou deixar de ir quando já havia confirmado o compromisso,
alegando que houvera um imprevisto de última hora. Às vezes a jovem ia com Cláudia
ou um amigo comer uma pizza após as aulas e, se ao chegar em casa Carlos estivesse
lá, ele a insultava, aos gritos, com seu
ciúmes. Mas ela o desculpava acreditando que ele agia assim porque a amava e
não estava seguro de ser também amado.
Quando os dois se encontravam ela não conseguia o clima romântico pelo qual
ansiava, pois Carlos estava sempre vendo um filme, lendo jornal ou revista.
Raramente tinham um fim de semana juntos porque ele dizia que
os filhos solicitavam sua presença em casa. Em um desses fins
de semana Marta ligou para a casa dele passando-se por sua secretária. Disse à
mulher que atendeu ao telefone que
precisava dar-lhe um recado. Carlos não estava. Tinha ido a uma pescaria com
alguns amigos. Quando Marta reclamava mais atenção, o amante
brigava, queixava-se que ela o estava
pressionado e ameaçava com o rompimento.
A moça sentia-se culpada, acreditando que um bom relacionamento entre os dois
só dependia dela. Ela teria que apenas amá-lo e deixá-lo em paz.
Havia passado quatro anos desde
aquela noite chuvosa em que eles se
conheceram. E por mais que Marta se esforçasse em afirmar sua paixão o abandono
e as cenas de ciúmes de Carlos aumentavam. Enquanto isso, aumentava também a
necessidade de Marta de receber amor, atenção, cuidado e segurança. Mas ela
acreditava que seu amor por Carlos era
grande o suficiente para os dois.
Até ela conhecer Marcos.
***
A noite já
se fizera presente quando Marta chegou em casa naquela sexta- feira. Enquanto
aquecia a lasanha no microondas foi tomar uma ducha. Depois, serviu a mesa para
duas pessoas e jantou sozinha. Entristeceu-se. Mas pensou: “Se o sexo entre nós é tão prazeroso - quando o fazemos
- como não consegui ainda fazer com que
Carlos externasse todo o amor, o
carinho, a atenção, a integridade e a nobreza
que estão dormentes em seu ser?” Marta acreditava que Carlos nunca antes
fora tão amado quanto por ela era amado agora. A jovem achava que ele havia
sido prejudicado no setor afetivo e assumiu prontamente a tarefa de compensá-lo
de tudo o que faltava em sua vida. Quem, melhor do que ela poderia saber o que significa
carência de afeto? Mas a empreitada era mais difícil do que imaginara. Carlos
estava tornando-se mais frio e
distante e por isso Marta sentia que ele
precisava mais dela, a única mulher que poderia tirá-lo desse torpor. Mas o
desafio de mudá-lo já não a excitava
como antes. E a fazia sofrer.
***
Uma garoa
fina molhava a cidade naquela manhã de sábado. A jovem espreguiçou-se na cama
antes mesmo de abrir os olhos. Lembrou de Carlos. Ele viajara a negócios. Ela
estaria sozinha. Consigo mesma.
Levantou-se e foi até a cozinha preparar o desjejum. Enquanto tomava
café preto com biscoitos amanteigados a jovem pegou um livro que há algum tempo
uma amiga havia emprestado. Abriu em uma
página qualquer e começou a ler. “Se o
drama e o caos sempre estiveram presentes em nossa vida, e se, como é
freqüentemente o caso, fomos forçados a negar muitos de nossos sentimentos
enquanto estávamos crescendo, iremos querer com freqüência que acontecimentos
dramáticos engendrem qualquer sentimento. Assim, precisamos da excitação da
incerteza, da dor, do desapontamento e do conflito apenas para nos sentir vivos”.
Na mesma página , mais acima, leu o seguinte: “Sentir-nos-emos à vontade com
pessoas com quem nossos antigos padrões
doentios de relacionamento são recriados, e talvez facilmente embaraçados
e mal com pessoas mais gentis, mais amigáveis ou saudáveis. Ou ainda, devido ao
fato de faltar o desafio de tentarmos mudar alguém para tornarmos essa pessoa
feliz ou para obtermos a afeição e aprovação sonegadas, poderemos simplesmente
nos sentir aborrecidos com pessoas mais saudáveis”. Marta releu,
pausadamente, aquelas sentenças da página 75. Fechou livro e leu a capa:
“ Robin Norwood”
“Mulheres que amam
demais”
“Como vencer sua
dependência do homem errado e mudar para melhor”
Marta apoiava o cotovelo na mesa e segurava o queixo com uma das
mãos. Com a outra, jogou o livro em cima
da mesa, para o lado. A jovem fixou os olhos na contracapa e leu a frase impressa em negrito:
“Quando amar é sofrer...”
... Então você provavelmente
está amando o homem errado, da maneira errada - alguém emocionalmente fechado,
viciado em trabalho, bebida ou em outras mulheres... alguém que não pode
retribuir seu amor!
“Mesmo assim, você insiste, se
sacrifica, anula sua personalidade, continua tentando...”
“Você está amando o homem errado”
repetia mentalmente Marta quando o telefone tocou. Ela olhou para o relógio
que marcava 9h30min. , e continuou sentada, pensando... Da secretária
eletrônica a voz de Marcos convidava-a
para acompanha-lo a um churrasco na casa
de um amigo. Deixou gravado o recado pedindo que ela entrasse em contato com ele . Mas ela não
entraria. Havia decidido ficar só,
pensando, refletindo.
***
Marcos cursava
a Faculdade de Engenharia Eletrônica na
mesma Universidade em que ela fazia a de Administração de Empresas. O rapaz
estava com 27 anos de idade, era alto, jovial, “mas não muito atraente”,
segundo Marta. “Marcos é simpático, mas não possui nada de excitante”,
confidenciou certo dia à Cláudia. Eles haviam se conhecido durante um seminário
sobre Relações Humanas, organizado pela Universidade. Desde então, passaram a
encontrar-se quase que diariamente, nos intervalos das aulas. Também encontravam-se para fazer um lanche ou
simplesmente conversar, quando Carlos viajava.
O rapaz parecia mostrar algum interesse além da amizade, mas Marta
estava ligada a outro homem. Estava
ainda muito apaixonada por Carlos... tão diferente do amigo... As histórias que Marcos contava da sua infância a faziam rir. Todas elas. Rir em vez de
chorar, em vez de sentir pena! Marcos não precisava dela. Era seguro de si e confiante.
Confiavel também. Eles falavam sobre
tudo. Ou quase tudo. O jovem sabia de seu relacionamento com Carlos mas, embora não aprovasse , não interferia.
Para Marcos, o verdadeiro amor é feito de companheirismo, serenidade,
segurança, compreensão, apoio mútuo e conforto.
- Relacionamento verdadeiramente amoroso permite que cada um seja mais inteiramente
expressivo, criativo e produtivo, e as experiências são compartilhadas de forma
saudável, para promover o crescimento de ambos, afirmava Marcos. Para o rapaz,
o amor apaixonado é sempre direcionado para
o amante impossível.
- Na verdade, é por ele ser impossível que existe tanta paixão. A
paixão alimenta-se de conflitos e
obstáculos contínuos a serem superados, brincava o rapaz.
***
Não era a
primeira vez que a moça se descobria pensando no amigo e no que ele falava. “De
certa forma ele tem razão; minha paixão
por Carlos parece aumentar com o sofrimento”, concluiu . Abriu novamente o livro. Coincidentemente na
mesma página. “... se nossos pais se
relacionam conosco de forma hostil, crítica, cruel, manipuladora, dominadora, ou de outras formas
inapropriadas, isso é o que parecerá
‘correto’ para nós quando nos encontrarmos com alguém que expresse,
talvez bem sutilmente, sinais das mesmas atitudes e comportamentos.
Sentir-nos-emos à vontade com pessoas
com quem nossos antigos padrões doentios de relacionamentos são recriados, e
talvez facilmente embaraçados e mal com pessoas mais gentis, mais amáveis ou
saudáveis. Ou ainda, devido ao fato de faltar o desafio de tentarmos mudar
alguém para tornarmos essa pessoa feliz
ou para obtermos a afeição e aprovação sonegadas, poderemos simplesmente nos
sentir aborrecidos com pessoas mais saudáveis. O aborrecimento geralmente
abrange sentimentos brandos e intensos de embaraço, que as mulheres que amam
demais tendem a sentir quando estão fora do papel familiar de ajudar, de ter
esperança e de prestar mais atenção no bem-estar de outra pessoa do que em seu
próprio bem-estar. Existe na maioria dos filhos adultos de alcoólatras, e
também em descendentes de outro tipo de lares desajustados, uma fascinação por
pessoas que atraem problema, e vício à excitação, principalmente a excitação
negativa”.
Marta continuou folhando o livro e lendo ao acaso.
“Existem poucos modelos de
pessoas que se relacionam igualmente de forma saudável, madura, honesta, não
manipuladora e não exploradora, provavelmente por duas razões: Primeira, com
toda a honestidade, tais relacionamentos na vida real são bem raros. Segunda,
desde que a qualidade da interação emocional em relacionamentos saudáveis é
sempre muito mais sutil que o drama de relacionamentos doentios, seu potencial
dramático é normalmente negligenciado na literatura, no drama e nas canções. Se
estilos doentios de relacionamentos nos infestam, talvez seja porque são
aproximadamente tudo o que vemos e tudo o que conhecemos”
... “Tudo acontece num contexto,
incluindo a forma como amamos. Precisamos estar cientes das falhas prejudiciais
da visão de amor de nossa sociedade e resistir à imaturidade superficial e autofrustrante em
relacionamentos pessoais que ela exalta. Devemos desenvolver conscientemente
uma maneira mais aberta e madura de relacionamento que a forma apoiada pela
indústria cultural, trocando assim o tumulto e a agitação por uma intimidade
maior”.
Entre Carlos e Marta, após cada briga havia uma
reconciliação. E após cada reconciliação o “sexo era mais intenso, mais
gostoso, mais amoroso, mais completol” ,
expressava a jovem. Um sentimento totalmente adverso do que se apresentava
agora, quando lia a explicação da especialista:
“Depois de um conflito, dois
elementos contribuem para um intercurso sexual especialmente intenso e
extasiante: um deles é o já mencionado alívio de tensão; o outro envolve um
grande esforço, após a briga, de fazer com que o sexo ‘funcione’, de forma a
solidificar os laços do casal que foram ameaçados pela discussão”. (...) “Quando nos envolvemos com um homem
que não é tanto um desafio, pode faltar
fogo e paixão no âmbito sexual. Devido ao fato de não estarmos quase em
constante estado de excitação por ele, e de não usarmos o sexo para provar
algo, consideramos um relacionamento insípido. Em comparação com estilos
tempestuosos de relacionamentos que
conhecemos, esse tipo amansado de experiência parece apenas confirmar para nós
que a tensão, o conflito, a dor no peito e o drama igualam-se realmente ao ‘
verdadeiro amor’”. (...) “Os gregos foram mais espertos. Usaram palavras diferentes,
eros e ágape, para fazer uma distinção entre essas duas
formas bem diferentes de experimentar o que chamamos de ‘amor’. Eros, claro, refere-se ao amor
apaixonado, enquanto que ágape descreve o relacionamento estável e
compromissado, livre de paixão , que existe entre duas pessoas que se
importam bastante uma com a outra”.
Marta colocou o livro sobre a mesa e tomou um gole do café já frio.
Pensou novamente em
Marcos. Lembrou que uma vez ele havia dito que todos os
relacionamentos baseados inicialmente na paixão avassaladora acabaram
fracassados. Para ele, se são necessários a excitação e o desafio contínuos num
relacionamento, essas emoções devem ser
fundamentadas não na frustração ou anseio; no agredir e ser agredido, mas sim
na emoção e excitação que vêm do conhecer
e ser conhecido, do dar e receber, do compartilhar.
Apesar de todos os esforços a jovem não havia conseguido mudar o
comportamento distante e frio de Carlos. Não conseguira “esquentá-lo”. Por
outro lado estava se deixando levar por
uma situação que seria uma réplica dos
piores anos de sua infância: a solidão, a espera desejosa de amor e atenção, a
profunda decepção e, finalmente, pelo
desespero irado. Ela estava com raiva. Raiva
de Carlos. Não. Raiva dela mesma.
Por não ter conseguido acabar antes com aquele relacionamento que só a fazia
sofrer. Marcos sempre dizia: “Querida,
você merece ser feliz”. Ela respondia: “Mas eu sou. Sou apaixonada por
Carlos”. Agora, pela primeira vez, ela
avaliou o relacionamento e viu que não era bom. Era somente sofrimento. Mas viu também que era merecedora de atenção
e de cuidados, que não tinha junto a Carlos. Tomou uma importante decisão:
aprenderia a viver sem toda a agitação das batalhas inflamadas, sem os dramas
que consumiam seu tempo e sugavam sua energia. Sabia não ser fácil. Mas
iniciaria. Romperia com Carlos. Depois, procuraria um homem que a amasse, e a
quem ela também amaria com a serenidade
de ágape.
Levantou e foi até ao telefone, ligar para Marcos. Desfrutaria da
companhia do amigo, naquele sábado.... No domingo iria ler o livro.
Seria Marcos o seu terno amor?...
Só o tempo diria...
Bl.
___________
1998
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